Desenhar no teu corpo
Desenhar teu corpo de mulher
Desenhar o meu país
No teu corpo de mulher,
A lápis de cor ou giz
O importante é nascer.
O Algarve a teus pés,
As planícies Alentejanas
Nas tuas pernas, ai és
Mulher de formas Lusitanas.
Ir desenhando o território,
Até chegar à bela capital
E, num percurso meritório,
Admirar tua beleza sexual.
Subir um pouco mais,
Deitar, no teu regaço,
A cabeça, como nos areais
Da Nazaré ou Melgaço.
Brincar nas dunas macias
Que teus lindos seios formam,
Correr entre vales e rias,
Que Sargaceiros contornam.
Nas orlas dos teus lábios,
Como na praia da Torreira,
Admirar os meninos sábios
Em inocente brincadeira.
Debruçar na ponta do teu nariz,
Como na torre dos Clérigos,
E ver o fervor do meu País,
Na força do abraço entre amigos.
Tuas, escuras, sobrancelhas,
São como as docas, onde
Os pescadores fazem parelhas,
Póvoa, Esposende, Vila do Conde.
No castanho dos teus olhos
Ver o caminho do Norte,
Saborear caldos e molhos
Na paz de Braga, uma sorte.
Afagar teus sedosos cabelos,
Como fossem fios de esperança,
Em Viana ver canteiros tão belos
E terminar em terras de Bragança.
Francis Raposo Ferreira